Objetivo
Criar momentos de pausa, antes, durante ou depois das aulas, em que alunos conversam livremente entre si ou com os educadores, criando uma lubrificação dos vínculos.Passo a passo
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Por “corredor” designamos qualquer espaço/tempo dentro da instituição que não seja a sala de aula e nem pertença ao planejamento formal do percurso. Mesmo sendo dentro da instituição, são considerados pequenos territórios/momentos de informalidade, onde o que acontece escapa ao planejamento do percurso.
Porque é importante
É comum que em sala, os alunos, principalmente nos primeiros meses de percurso, assumam papéis cristalizados no grupo, ou que fiquem mais distantes e resistentes à aproximação afetiva dos outros e da equipe. A sala de aula pode estar cheia de expectativas de reconhecimento, de receio, de relações truncadas com figuras de autoridade e regras, e muitos vícios de afetos e comportamentos adquiridos nos anos de ensino básico.
Por tudo isso, contar com as trocas e acontecimentos dos corredores é uma maneira de permitir que os vínculos se aprofundem, se regulem e relaxem. É importante permitir essa relativização dos papéis instituídos no grupo em sala e com a equipe para que os alunos se aproximem da noção de que a prioridade do curso é seu desenvolvimento, não seu desempenho formal.
É frequentemente no corredor que não-ditos podem ser identificados, dificuldades podem ser reveladas, conflitos podem ser assumidos, acontecimentos de fora podem afetar o grupo, enfim, o que quer que não pertença ao contexto formal da aula possa emergir à sua própria maneira de forma espontânea. Essa espontaneidade garante uma resiliência importante para o grupo, que se autorregula quanto a vínculos ou mesmo desafetos.
Prever este espaço é necessário ao mesmo tempo em que planejá-lo o tornaria formal engessado. A maneira aqui é deixar que emerja, criando condições ambientais para isso. Assim, podemos observar com outros olhos o espaço físico e o tempo do cotidiano na instituição, checando se há espaços/tempos disponíveis para que o corredor ganhe vida.
Cadeiras, café, água, espaços onde uma conversa relaxada não atrapalhe os demais, intervalos combinados ou espontâneos. Todos estes são meios de criar um ambiente vivo no corredor. Uma vez ativo, o corredor pulsa com as conversas e autenticidades de cada um, aluno ou equipe, sendo assim uma ótima oportunidade para reconhecer semelhanças e diferenças, relativizar papéis cristalizados no grupo, e para que a equipe conheça mais intimamente o contexto pessoal de cada aluno.